A depressão é caracterizada como sendo um transtorno de humor. O humor, por sua vez, é uma orientação emocional que se apresenta de maneira persistente, dando uma espécie de “colorido” para as pessoas.
É importante diferenciar um episódio depressivo, um transtorno depressivo e a tristeza. Atualmente existe certa “patologização”, ou seja, uso de patologias ou doenças para descrever afetos ligados a fenômenos cotidianos. É comum ouvirmos as pessoas dizerem: “Hoje acordei depressiva” ou “Acho que estou entrando em depressão” quando na verdade estão passando por um momento de tristeza.
Tristeza é o oposto de alegria; é um sentimento saudável e demasiadamente humano, que surge inúmeras vezes ao longo da vida. Isto é sinal de que estamos vivos e de que ainda somos capazes de nos afetar pelas experiências. Sinta-se agradecido por poder entristecer-se a cada perda ou frustração!
Se você acabou um relacionamento, perdeu um emprego, perdeu uma pessoa querida, passou por uma mudança drástica na sua vida, é natural que após este episódio passe por um momento de tristeza e luto. Neste sentido, sentir-se triste pela perda, poder chorar e colocar para fora todos os afetos relacionados a este momento é benéfico e saudável. Alguns se expressam de outra forma, não pelo choro. Passam a comer menos (ou mais, dependendo da situação), ficam com o sono alterado, tornam-se mais irritados, perdem o interesse por coisas que antes sentiam prazer e até pensam que preferiam morrer a estar passando por aquele momento de tristeza. Todas estas situações são saudáveis e esperadas já que você perdeu algo ou alguém muito importante para você. Significa que você valoriza sua vida e que um novo ciclo se encerrou.
Neste momento de tristeza, não seria bom para você buscar soluções que abafassem este sentimento porque de alguma forma este afeto “interditado” ficará registrado no seu inconsciente se não tiver vazão, aparecendo como sintoma futuramente, talvez de outra forma. Nesta situação, você pode buscar a ajuda de um psicanalista para que esta fase de luto possa ser enfrentada da melhor forma possível. Não é necessário o uso de medicamentos neste caso, mas mesmo assim, caso queira consultar um psiquiatra, um bom profissional nesta área, conseguirá perceber que se trata de uma situação de tristeza por questões da vida (ainda que esta seja uma situação muito dolorosa para você) e certamente te indicará um apoio psicológico por meio da psicanálise ou psicoterapia. Até mesmo porque o uso de medicamento, neste caso, “abafaria” o seu afeto e você não teria a possibilidade de vivenciar algo importante para você.
Agora, digamos que esta fase de luto com as características descritas acima perdure por meses ininterruptamente e você sente a cada dia que sua vida perdeu aquele “colorido” a ponto de comprometer sua vida social e ocupacional. Tem muita chance de você estar entrando em depressão. Neste caso, é recomendado que busque um psicanalista para que seja feita uma avaliação. Após as entrevistas iniciais o profissional poderá avaliar a necessidade do encaminhamento para um psiquiatra e assim um tratamento coordenado entre psicanálise e farmacologia será muito benéfico. O caminho inverso também é possível: psiquiatra e depois, psicanalista. O importante é que haja estas duas abordagens sendo a psicoterapia de orientação psicanalítica ou a psicanálise muito indicadas para o tratamento das depressões.
Mas, este texto não tem a intenção de substituir a consulta a um profissional de saúde. Se não está sentindo-se bem, está entristecido com algo e tem dúvida sobre o que isto significa, procure um psicanalista ou um psicólogo de orientação psicanalítica. Não se contente com explicações da internet. É sempre melhor poder ter uma conversa franca e pessoal com um profissional que esteja atento à sua fala.
Fique à vontade para agendar uma sessão de Psicanálise.
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